sábado, 21 de fevereiro de 2009

O Lutador - Um filme brilhante


Superação. Eis a palavra que melhor define o novo longa de Darren Aronofsky, O Lutador (The Wrestler,2008). Superação do próprio diretor quanto ao seu último filme (Fonte da vida); superação de Marisa Tomei, que está em seu melhor papel; e, principalmente, superação de Mickey Rourke, na melhor atuação de sua carreira. Ele incorpora o lutador Randy "The Ram" Robinson, um ícone dos "distantes" anos 80. Atualmente, ele vive uma vida medíocre e inexpressiva, apaixonado pela stripper Cassidy e brigado com sua filha. Ele luta eventualmente, à troco de algum dinheiro para poder se sustentar, porém sua vida muda quando ele tem que se aposentar.

É impressionante observar e avaliar a atuação de Mickey Rourke. Ele arrasa no papel de Randy, um homem que ama o que faz (a luta) e paga o preço por isso. Ao contrário de outro célebre personagem, Rocky Balboa, Randy faz o que pode para equilibrar a sua vida pessoal. Rocky, por exemplo, passou por um calvário antes de conseguir uma oportunidade; Randy, ao contrário, luta após o seu auge, para não ser esquecido completamente. Por esse motivo, há como criar um paralelo entre o ator e o personagem.

Uma das virtudes do filme é o seu magnífico roteiro, que foge dos clichês do gênero. Sem dúvida, o Oscar esqueceu de reconhecer Robert D. Siegel pelo seu excelente trabalho.

O filme possui certos aspectos muito interessantes. Por exemplo, a câmera acompanha sempre Randy pelas costas, como se fôssemos sua sombra, alguém muito próximo do íntimo do lutador, vendo pelo seu ângulo de vista o mundo que o rodeia. Outro ponto interessante são os momentos de silêncio, onde só escutamos a pesada respiração do lutador, sentindo o seu cansaço quanto a sua vida.

A produção contou com o apoio de alguns "wrestlers" profissionais. Para aqueles que conhecem o ramo, O Lutador envolve as ligas de luta americana CZW e ROH.
A trilha sonora é outro ponto de destaque; o filme é permeado de músicas heavy metal, além da belíssima música de Bruce Springsteen que inexplicavelmente ficou de fora do Oscar. Enfim, O Lutador é um filme sensacional, cheio de virtudes e com uma mensagem fantástica. Assim como Rocky Balboa, Randy "The Ram" Robinson ficará nas nossas memórias para sempre.
A consagração final será no dia 22 de fevereiro quando Mickey Rourke ganhar seu merecidíssimo Oscar pela sua brilhante performance.

Operação Valquíria - Um plano quase perfeito

Apesar de todas as expectativas ruins, Operação Valquíria (Valkyrie, 2008) é um filmaço, um ótimo exemplar de suspense/guerra que realmente me surpreendeu. A obra narra a conspiração organizada pelo coronel Claus von Stauffenberg (ótima interpretação de Tom Cruise), para matar Adolf Hitler e salvar a Alemanha. No início do filme, somos apresentados à um homem descontente com os rumos que seu país está tomando. Após um acidente, Stauffenberg é mandado até Berlim onde conhece um grupo de conspiradores que pensam como ele. O grupo coleciona falhas e mais falhas em suas tentativas para matar o líder nazista e Claus bola um plano mirabolante que pode dar certo.
Realmente, quando eu comprei o ingresso não esperava que veria um filme tão bom. Aos poucos, o ótimo diretor Bryan Singer vai construindo um clima de tensão bastante interessante. Você torce para os conspiradores até o fim (como foi frisado pelo crítico Roberto Sadovski).

O filme tem muitas qualidades, sendo a escolha do elenco a maior delas. Tom Cruise entrega uma interpretação decente, sem manias, rendendo uma boa imagem ao personagem histórico; Kenneth Branagh, Bill Nighy, Tom Wilkinson e Terence Stamp engrossam o time de feras no elenco.

Operação Valquíria é interessante em alguns momentos para uma análise mais profunda. Por exemplo, numa das cenas mais interessantes do filme, quando Stauffenberg volta para sua casa e vê seus filhos brincando, notamos que ele é um homem que realmente enxerga a situação em que seu amado país se encontra.
Sinceramente, Operação Valquíria é um excelente filme, que conta uma história emocionante e inspiradora. Como Tom Cruise diz no filme: "As pessoas devem saber que existiram alemães que lutaram contra o nazismo". Um filme recomendado para qualquer público.

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Ensaio sobre a cegueira - Um filme forte e impressionante


A história é relativamente simples: uma epidemia que deixa as pessoas cegas. Todavia, a maneira como é conduzida é tudo, menos simples.

Ensaio sobre a Cegueira (Blindness, 2008) é um filme fantástico. Trata-se da adaptação do livro homônimo de José Saramago, que explora o lado psicológico e social que uma epidemia como essa deixaria na sociedade. Fernando Meirelles, sabiamente, manteve essa reflexão em sua obra, criando um cenário desolador e assustador.
A história acompanha a mulher do médico (os personagens não têm nomes), interpretada por Julianne Moore, a única pessoa que não é atingida pela tal doença cegueira branca. Seu marido (Mark Ruffalo, em ótimo desempenho) é um médico oftalmologista que após atender o primeiro homem com essa doença (Yusuke Iseya), acaba contraindo-a. Os primeiros cegos são deslocados para um asilo abandonado, numa tentativa de evacuação da doença, que já sabemos que não será o suficiente para impedir uma epidemia. Aos poucos, mais e mais cegos vão chegando ao asilo, esquecido pelas autoridades, onde lixo, dejetos e pessoas vivem, amontoadas pelos cantos.

É difícil não se envolver com a terrível situação da mulher do médico. Ela é a única que enxerga o caos que a cerca. Em alguns momentos da projeção, você chega a se perguntar se não era melhor ficar cego, ao invés de enxergar toda a destruição e miséria que a envolve.
Aliás, a palavra que define a obra é miséria. Numa situação onde todos deveriam se unir, o que reina é a discórdia, a paranóia, a brutalidade e a sujeira. O ser humano é vil e grotesco nessas situações. Todos reunidos num estado de natureza. Os mais fracos serão explorados, maltratados e destruídos. Numa das cenas mais fortes do filme, um dos grupos do asilo começa a controlar a comida. O preço para ter alimentos é entregar as mulheres para serem estupradas. Uma idéia cruel e, infelizmente, realista. No que o ser humano é capaz de se tornar em situações extremas? A mesma pergunta levantada pelo Coringa no Batman - O Cavaleiro das Trevas é feita nesse filme pelos interlocutores.
Apesar do descaso da crítica, considero Ensaio sobre a Cegueira um dos melhores filmes de 2008. A sensação deixada pela história é de desespero e esperança. Existem certos momento de profundo medo em relação aos personagens, porém no fim sabe-se que tudo vai dar certo. Realmente, a obra merecia pelo menos 3 indicações ao Oscar: melhor ator coadjuvante para Gael Garcia Bernal, que interpreta um barman violento e dominador; melhor trilha sonora e a que mais merecia, melhor roteiro adaptado. Contudo, sabemos que o Oscar nem sempre é justo...
Eu recomendo Ensaio sobre a Cegueira como um complexo retrato da miséria humana, da volta ao estado de natureza do homem. Não é um filme agradável, mas sim cinema grandioso e analítico. Com certeza, você tirará várias conclusões sobre o homem em si.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Sentença de Morte - A vingança tem seu preço


Esse foi um dos melhores filmes lançados em 2007. Você já ouviu falar nele? Se não, alugue ou compre rapidamente o dvd para apreciar mais uma grande interpretação de Kevin Bacon, na sua ótima filmografia. Sentença de morte (Death Sentence, 2007) conta a história de Nick Hume, um empresário pacífico e honesto que vê sua vida desmoronar após presenciar o assassinato brutal de seu filho cometido por membros de gangues. Ao se vingar do assassino de seu filho, Nick percebe que iniciou uma guerra e terá que proteger sua família, custe o que custar.
Sentença de Morte é um filmaço. Violento e tenso, aos poucos o talentoso diretor James Wan (do primeiro Jogos Mortais - sem dúvida nenhuma, o melhor de todos) vai criando uma atmosfera de medo e brutalidade que deixará o telespectador com a respiração desregulada.
Interessante notar que o filme foi baseado numa novela de Brian Garfield, o mesmo autor da série Desejo de Matar de Charles Bronson. Mas ao contrário de Desejo de Matar, Sentença de Morte é quase um drama intimista, nunca apelando para o exagero e as soluções fáceis.
Senteça de Morte levanta certas questões como a vingança vale realmente a pena? Será que para vencer os criminosos, teremos que nos tornar piores que eles próprios?
Kevin Bacon entrega mais uma performance memorável. Ao longo da projeção, observamos a mudança de atitude radical de seu personagem. Garrett Hedlund (do francamente decepcionante Quatro Irmãos) está ótimo como o líder da gangue. Aliás uma das grandes cenas do filme é o final dramático, onde ele pergunta ao personagem de Bacon se realmente valeu a pena tudo aquilo que ele fez.
Com um final impressionante e dramático, o filme tem uma cena de perseguição num estacionamento, onde a câmera não pára, que é impressionante. Sem dúvida alguma, Sentença de Morte merece estar na relação dos melhores filmes de 2007, como um espetáculo dramático e eletrizante ao mesmo tempo.

A Casa da Rússia - Uma história de amor e espionagem


A Casa da Rússia (The Russia House, 1990) foi o primeiro grande filme ocidental a ser filmado na Rússia após o fim da Guerra Fria. E é sobre essa guerra psicológica na qual o filme se baseia. Barley (Sean Connery) é um editor de livros beberrão, que recebe um manuscrito da russa Katya (Michelle Pfeiffer) contendo segredos militares da antiga União Soviética. O serviço secreto inglês intercepta o manuscrito e manda Barley para a Rússia, com o intuito de coletar mais informações sobre o enigmático autor do livro (Klaus Maria Brandauer), através de Katya. O problema é que o editor se apaixona pela russa, colocando a operação britânica em risco.
Um dos pontos fortes da obra são as atuações ótimas de todo o elenco, além de uma belíssima fotografia, de uma Rússia charmosa e chuvosa. Outro destaque é a excepcional trilha sonora de Jerry Goldsmith, que vai dominando a projeção, servindo como um complemento para a narrativa. Todavia, os amantes de blockbusters turbinados de efeitos especiais podem passar direto: A Casa da Rússia é uma narrativa lenta, que vai explorando gradativamente os personagens, sem pressa alguma. Além disso, a história é tudo, menos simples, o que torna a obra um exercício de complexidade bastante interessante.
A Casa da Rússia é o típico filme subestimado, que merece ser redescoberto pelos amantes de cinema e os apreciadores de uma história inteligente, romântica e, acima de tudo, charmosa.